Tuella 2005


Para ser franco, com vocês, nunca lhe dei atenção. Parecia-me que não tinha alma, que servia, apenas, para encher prateleiras de supermercado. No entanto, após a mudança de rosto, isto é de rótulo, acreditem que fiquei influenciado. Assumo que o rótulo, em certos casos, pesa na decisão (por muito que digam o contrário). Agora tem um ar afrancesado. Parecia que tinha vindo do chateaux. Acabei por levá-lo para casa. Um tinto do Douro (engarrafado por Symington) que custou pouco mais de 5€.
Fiquei admirado com a presumível sobriedade que apresentou na fase inicial. Conseguiu, durante algum tempo, apresentar contenção na forma e no conteúdo. Senti um curioso fumado e algumas cavacas de carvão (não consegui encontrar outra comparação). Original. Não contava, longe disso. Esperava qualquer coisa um pouco mais evidente, bem mais doce.
A fruta, que fatalmente acabou por surgir, mostrou-se fresca, viva, com um nível de maturação (muito) decente. Verdade seja dita, e sem qualquer vergonha, tive a sensação que alguém tentou dar ao vinho um (certo) ar de aristocrata.
Voltando ao assunto. A fruta que saiu, cá para fora, fazia-me recordar morangos e framboesas. Lá no fundo, boiavam uns quantos cheiros a rebuçado bola de neve.
Os sabores, apesar de ligeiros (vocês provavelmente dirão: sem estrutura), estavam bem envolvidos. Saboroso e correcto. Final frutado, sem enjoar. Com boa frescura.
Em jeito de remate, um vinho que surpreendeu pelo equilíbrio que aparentemente tinha. Não é um estrondo de vinho (longe disso). Foi feito para ser bebido enquanto as rugas não o atacam. Valeu pela curiosa moderação que mostrou. Irei prová-lo mais uma vez. Confirmarei se fui enganado pelos meus sentidos ou não. Nota Pessoal 14

Comentários

Anónimo disse…
realmente está muito mais apresentável.
Caro Pingus
Comprei uma garrafa de Tuella há cerca de um mês ainda não provei, mas pelo que descreve do vinho apesar de ser agradável em termos de preço/qualidade fica a perder para o Altano 2005 também da Symington.
Ontem 8 de Abril num jantar de familia abri uma quinta do mouro 2003, que achei impressionante, gostava de saber se já provou tal néctar e qual a sua opinião.
Cumprimentos
Pingas no Copo disse…
Caro José a ideia que quis deixar é essa mesma. Um vinho agradável.

Sobre o Quinta do Mouro devo-lhe dizer que é um produtor que aprecio.
Pertence ao lote daqueles que independentemente do ano compro sempre.
É uma constante mudança o que se verifica hoje em dia nos rótulos dos vinhos de Portugal.

É visível essa preocupação por parte dos produtores, o que leva por vezes a que o mesmo rótulo mude várias vezes, como é o caso do Periquita que já aí anda com novo look.
Pingas no Copo disse…
Copod3 de facto é (bem) visível a preocupação que começa a existir também com os rótulos. Sinal de evolução.
Anónimo disse…
Ando à procura do tuella de 2005 tinto mas não sei onde comprar, seria possível indicar-me onde o encontrar?