Gnosis (Douro) Colheita 2004

Cada vinho que salta para cima das prateleiras vem baptizado com nomes bem sugestivos. Para além do aspecto rótulos, os apelidos dos vinhos portugueses revelam, cada vez, mais imaginação. Percebe-se que existe vontade para criar coisas diferentes. O pior é quando o vinho que está dentro de uma garrafa não acrescenta nada de novo, mas isso são estórias muito debatidas por essa internet fora.
Espetar o nome Gnosis num rótulo é assumidamente uma atitude arrojada, aparentemente provocatória para o consumidor. Será que é para aumentar o desejo na busca de mais conhecimento (enófilo)?
Este tinto (do Douro), feito na Quinta do Rio com Touriga Franca, Tinta Barroca e Tinta Roriz, saiu do copo preso a cheiros vegetais, largando pelo ar aromas carregados de estevas e giestas. Progrediu com sensações florais, intimamente ligadas à terra, ao xisto. Notava-se que estava ali um vinho tendencialmente diferente, com carácter, provavelmente rústico. A fruta estava madura (no ponto), de estilo aparentemente silvestre. Regada para não enjoar.Caminhando na descoberta, ficou a ideia que deambulava uma pequena sugestão mineral (Seria lousa?, Seria influência do xisto?), que combinava discretamente com uma leve impressão balsâmica. Tudo leve, pouco carregado.
O paladar era fresco, muito limpo. Acidez largava frescura na boca (dando a ideia que será bom companheiro para a mesa). Insistiu, mais uma vez, em sensações vegetais e terrosas. Mostrou amplitude. O final era levemente fumado, apenas com o intuito de enriquecer.
Um vinho bem feito, com vida e pouco maduro (não é necessariamente negativo). Num mar de vinho cheio de sobrematuração, madeira, chocolates e tabacos, encontrar vinhos assim é quase descobrir uma agulha no palheiro. Com uns retoques aqui e além, acredito que consiga dar mais nas vistas e aumentar o desejo de conhecimento. Nota Pessoal: 15

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