Casa da Passarela e os seus Primores

Ao passar por aqueles dois marcos de granito que assinalam os domínios, é-se assaltado por uma panóplia de imagens e de sons, que enviam inevitavelmente qualquer homem para passagens de outrora.


Fica-se com a falsa ideia que o tempo parece ter parado. Depois a imaginação, para quem a tem, encarrega-se de fazer o resto.


O processo de reconversão da Casa da Passarela, e dos seus diversos edifícios, continua a desenrolar-se a olhos vistos. Já pouco, ou nada, se compara com a triste e incompreensível decadência a que foi votada, durante largos anos.


Há, agora, vida e vozes de carne e osso. Há sangue arterial a correr.
Os vinhos, os diversos lotes, espalhados pela adega reerguida, espelham com maior nitidez o olhar de quem os idealizou.


Os futuros Vinhas Velhas 2009, 2010 e 2011 perspectivam a continuação do perfil iniciado com o 2008. Mantêm a elegância, a frescura, amenidade de cheiros e sabores. Depois, e de igual importância, tendem a ser o reflexo de cada colheita. Sugerem, deste modo, processos de intervenção minimalistas. Parece tão simples...


As amostras de Touriga Nacional 2010 e 2011 apresentam-se austeras, sisudas e sem qualquer correspondência com visões mais modernistas. Aparentam ser puras representações do chão onde vivem.


Os brancos, da colheita de 2011, mostram-se secos, séniores, com boa amplitude vegetal, possuídores de forte carga floral, sem qualquer réstia de tropicalidade. Não esperem, também aqui, facilidades. 
E porque aridez climatérica perdura teimosamente, nada como encerrar este capítulo com o Rosé de 2011. Parece estar mais gordo, mais robusto, mais largo que o colheita de 2010. É, ainda assim, vinho refrescante.


Os dados, neste momento, estão a rolar em cima do tabuleiro, e mesmo sabendo que a sorte ou azar podem decidir uma vida, e sem qualquer receio, aposto em todos.

Comentários

Antonio Madeira disse…
Não sei se é verdade ou não, mas ha quem diga que antigamente o BV era temperado com um pouco de uvas desta quinta serrana. Sera?
Pingus Vinicus disse…
António, falava-se disso. É um daqueles mitos.
paulo disse…
...que se fala... fala-se!! O importante é acreditar que os sonhos tb se podem concretizar, e que os mitos não sejam dogmas..Depois tudo pode ser possivel!
Pingus Vinicus disse…
Paulo, é sempre um prazer observar a evolução de todo o projecto.
Obrigado pela paciência
Edgar Meireles disse…
Boa tarde,
finalmente consegui adquirir uma garrafa do dito: quer o Reserva quer o Vinhas Velhas, ambos de 2008, encontram-se à venda no Supermercado do El Corte Inglês (Lisboa). Fica a informação para todos os interessados e o meu agradecimento ao caríssimo Pingus.
Um abraço,
Edgar Meireles
Pingus Vinicus disse…
Edgar, diga-me depois a sua opinião. Seria importante
Abraço
Edgar Meireles disse…
Caro Pingus,
ainda não abri a garrafita mas não me esquecerei de aqui escrever qualquer coisa.
Um abraço,
Edgar Meireles