Quinta da Bica: Brancos e Rosados

Tarde de canícula no Dão Serrano. Bafo quente e seco. Valeu a frescura das paredes, das árvores que torneiam a Quinta da Bica. Depois, é-se impossível ficar indiferente, não fico, àquela enorme varanda que olha nos olhos a serra. Simplesmente contempla-se, admira-se, reflecte-se. E não se quer ir embora.


Os corpos, ou melhor, a boca pedia repetidamente por uma pinga de vinho fresco. Vinho que acalmasse piedosamente o suor, limpasse o pó, tonificasse a língua.

Servido pelo Enólogo da Casa: Paulo Nunes
Curiosa cuspideira
Tomam-se goles de vinho. Branco para começar. Rosé para terminar. Mas podia ser ao contrário. Pormenores de somenos importância. Recapitula-se o Radix da Colheita de 2010. Está seco e salgado, perfumado com flores brancas, amarelas. Lembra maçã. Está em saudável momento de vida e recomenda-se.


Passa-se, porque a sede ainda não acalmou, para o novel Quinta da Bica, também branco, pois então, da Colheita de 2011. Profundo, intensamente vegetal e mineral. Surgem, mais uma vez, apontamentos salgados simbióticamente envolvidos com fruta verde. Fica a ideia, parece-me, que é branco rijo, sem concessões modernistas. Eu gostei e repeti a dose.


Já com o suor limpo da cara, entornam-se, agora, tragos de rosé, repete-se o ano da colheita, que é 2011. Rosé escuro, tenso, com corpanzil. Fica a sensação que é mais tinto, de Verão, de Outono, que típico Rosé inócuo para menina urbana.


Apto, antes de mais, para comida com unto. Pensem numas sardinhas, em salmão, nuns enchidos. Ele brilhará intensamente. Há falta de melhores palavras, perdoem-me, atreveria a dizer que é vinho para homem, ou mulher, que gosta de coisas muito sérias. Se for o vosso caso, consumam até mais não.
Recomposto, refrescado e agradecido, pegou-se na maleta e ala para casa.

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