Putto

Tenho saudades da vida de Putto que levei. Um Putto que teve sorte de viver estórias do arco da velha. Estórias vividas em cidade e estórias passadas na província. Cheguei a pensar que era Putto sem terra, sem eira e nem beira. Um pária. Estrangeiro na cidade, um Renegado na terra. Uma estranha simbiose, entre dois mundos que nada partilhavam em comum. Mas era um Putto feliz. 


Na cidade era um Putto urbano, igual a tantos outros, acantonado em grupos, tribais e com manias estranhas. Na dita terra, fui Putto que chapinhava nos charcos, que pisava a sementeira, surripiava os cachos dos vizinhos, que chegava tarde a casa. Coisas de Putto.


Enquanto Putto, cheguei a ser puxado pelo vapor, a demorar infindáveis horas para ir até ao destino. Vivia-se e imaginava-se uma vida. Era a vida de um Putto, igual a tantos putos. E cheguei, em Putto, a ouvir os guizos. E eles, agora, por onde andam?


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