(Nas) Varandas (da Serra)

A Varanda serve na generalidade para termos uma perspectiva mais elevada em relação ao horizonte. A Varanda serve também, acho, para termos um pouco do ar de lá de fora. Dá-nos a sensação de que temos um pouco de espaço a mais. A clausura de um apartamento com uma varanda parece-nos um pouco menos espartana. Sempre podemos, sei lá, falar ao parapeito, com o vizinho sobre a vida alheia, colocar um fogareiro e fingir que fazemos um churrasco ao ar livre. O resto, a imaginação, é connosco.

Apenas em Garrafa Magnum. Sobre esta temática, devo confessar que ando a ficar um defensor deste formato. 
Sobre a Varanda, recordo que sempre, e desde puto, ouvi dizer que a Serra era uma Varanda para o Mundo. Ser uma Varanda para o Mundo, pressuponha que ela, a Varanda, fosse tão grande que podíamos ver (quase) tudo. Que estávamos acima e em cima de tudo. Na verdade o que se via, mais além, era a vizinhança, os arredores, a cercania. É verdade que a vista desimpedida para o Ocidente, permitia-nos ver mais um pouco, levando os mais crédulos a acreditar que o Mar estava ali mesmo à nossa frente. Seria ou era a Verdadeira Varanda, porque num território continental de reduzida dimensão, não havia outra mais alta ou maior. Era, também, aquela que cortava o país continental ao meio, que dividia muita coisa.

Este branco irá evoluir muito bem no tempo. Para já está, ainda, preso, fechado sobre si. Jovem. Será certamente vinho para voltar a ele, quando estiver mais maturo.
E ao terminar, num ápice, relembrei para que servia, também, a minha varanda nos idos anos oitenta. Servia, vejam lá, como local privilegiado para serviço de sniper. Com aqueles canos da luz, cuidadosamente decorados com fita adesiva colorida, carregados com cartuchos de papel, sendo que os melhores eram feitos a partir de revista, preferencialmente da Maria, atirava-se ao transeunte, preferencialmente o feminino. Malvadez de puto(s). 

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