Sem Formalidades

Gosto de gajos que não fazem concessões, aprecio malta que se borrifa para grupos ou pandilhas, mesmo sabendo que vão ser, mais tarde ou mais cedo, colocados de lado, desviados ou marcados como leprosos. Quem o faz sabe, de antemão, que será ostracizado para sempre. Sair do conforto, da protecção do grupo, é um acto arrojado e nem todos têm a capacidade e estrutura mental para o fazer. Estar no grupo ou ter um grupo garante, apesar de tudo, comida, bebida, dormida e conforto. Quem não quer?

Um gajo anda sempre a vasculhar por novidades e esta sede, por tudo que tem rótulo novo, cega-nos. A maior parte das vezes, esta loucura não faz qualquer sentido. Há muito tempo que não bebia um vinho de Luís Pato. Também cego. Um Vinha Formal masculino, profundamente sério. Com um nível de austeridade e estrutura que faz afastar os mais sensíveis. Com uma dimensão que merece registar. Apresenta um estilo pouco consensual, férreo, com uma enorme capacidade para evoluir. Foi um crime abrir esta garrafa, mas ainda assim, permitam-me que vos diga: É um grande vinho!

Admiro ainda mais os que não querendo saber do que se passa à volta, conseguem opinar sem se preocuparem com as consequências das suas palavras e ainda assim serem, vejam lá, tratados com veneração. Caramba, é uma arte que não está ao alcance de todos. E eu aprecio. 

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